quinta-feira, 17 de março de 2011

Novo estudo

O projeto do CeCo/IPEC, em Morro Reuter (RS) é com certeza dos mais empolgantes para um arquiteto em diversos pontos de vista. Ainda que deva sofrer alterações bastante significativas dentro dos próximos meses, e inclusive saiba que pouco ficará nessa obra da minha primeira concepção, considero a experiência desse projeto uma das mais valiosas que já tive. Reúne um programa híbrido entre hotel, casa de campo e centro de eventos, além de todo paisagismo da área externa, com passeios e área esportiva. Somará uma área aproximada de 3.600m². De qualquer forma, vou citar aqui algumas referências que tomei para esse estudo preliminar: são arquitetos e obras que tenho por muita conta, e que podem gerar muita inspiração e reflexões sobre o uso de materiais, composição volumétrica e implantação.

O primeiro ponto a se valorizar nesse projeto é a paisagem extremamente agradável. Perto de um vale a 80 km de Gramado e 70km de Porto Alegre, a uma altitude de 690m (a capital gaúcha está praticamente ao nível do mar), o terreno em declive está repleto de vegetação serrana e araucárias. Também tem como grande qualidade a vizinhança, ocupada por colonização alemã muito hospitaleira e zelosa das suas terras e jardins. Além disso possui uma nascente formando um açude, e construções de antigos colonos, muito simpáticas. A região próxima ao terreno vive da acácia, uma árvore de médio porte de onde se extrai lenha e um tanino, necessário para aplicação na curtição de couro. Parte do terreno em questão também é ocupado por este tipo de plantação, local que não será utilizado por hora.

Bem, falando brevemente do projeto em termos de (1) referências, (2) implantação e (3) distribuição interna e volumetria, destaco algumas características que busquei criar, mas que terão que ser revistas, como diz o gaúcho, por diversos "entreveros" ambientais. Quanto às referências arquitetônicas (1) que mais me inspiram, seguem conceitos bastante distintos e aparentemente antagônicos! No entanto acredito que, tendo um partido claro, pode-se combiná-las de modo harmônico e complementar. Quem diria que um organicista poderia “cantar” junto com a Bauhaus? Seria possível fazer uma “Jam session” de Frank Lloyd Wright com Louis I. Kahn? Parece impossível (e não quero provar o contrário), mas – esta é a verdade – se aprendemos a admirar um e outro, simplesmente acabamos incluindo-os no repertório, ao longo da criação.

Sem dúvida que minha maior referência é o Wright. Enquanto exercício de implantação, realmente quis fazer um diálogo entre interior e exterior . Iniciei o projeto querendo a horizontalidade, muito mais do que o aproveitamento da área projetada... E queria aproveitar a declividade de forma mais natural possível. Talvez imaginasse – antes de rever o levantamento topográfico – uma “Falling Water” (ao lado)...., mas, ao andar com o projeto, acabei mais como uma “prarie house” (abaixo). Realmente migrei para um local mais plano do terreno... que estava repleto de araucárias (não removíveis em qualquer que seja a situação). Por esse motivo teremos que rever boa parte da planta... Paciência.


O fato é que é evidente a presença do FLW na entrada da casa e em boa parte da volumetria. Boa parte, eu disse, pois outro tanto foge da concepção do corpo da área social. Parte do projeto passeia pelo moderno de Kahn, de Mario Botta e Carlo Scarpa. Esses três arquitetos, seja em escalas maiores – no caso dos dois primeiros –, como em detalhamento, foram fonte de boa inspiração.
Para definir em poucas palavras, a implantação (2) se organiza em sentdo de insolação – evidentemente –, mas também de vistas: que os dormitórios estivessem com a vista e a iluminação bem resolvida. É esta a razão pela qual os dois volumes de dormitórios estão enfileirados, olhando para o mesmo lado, com uma separação razoável, para garantir a boa ventilação e iluminação.
Tenho a tendência – já reparei isso em diversos projetos, tanto externa quanto internamente – a procurar a simetria em tudo. Com relação à distribuição espacial e volumetria (3), confesso que me esforcei por quebrar essa minha natural busca. Quis chegar, dentro de uma simplicidade de planta, dar um movimento diferente do habitual ao “espichar” a construção para a face leste. Abaixo, uma vista geral desse primeiro estudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário