quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ilustração

Dentre os desenhos que gosto de fazer, estão as ilustrações em bico de pena. Fiz algumas para o colunista Ivan Carvalho, da Revista Análise, que talvez um dia virem livro. Deixo a seguir duas que fiz com o tema do "Primeiro emprego" - tratando de orgãos de fomento entre empresa/escola - e o tema "Agricultura e Estado", sobre o setor agropecuário e as finanças do RS.
Cristiano Chaui

Mais Lagarton!

Deixo aqui alguns dos "Lagartons" das últimas semanas...
Cristiano Chaui

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Logotipia: Mastologista

Com intenção de documentar e dividir algumas experiências, vou deixando alguns projetos em arquitetura e design. Alguns são projetos da Prado,Chaui e outros são de artigos que li e pesquisei e achei interessantes. A seguir deixo o processo criativo de um projeto de logotipia, que fiz para uma clínica de mastologia há poucos meses. Incluiu logotipo, cartão de visita e toda papelaria.

Referências - Ainda que tenha alusões formais inspiradas na especialidade em questão, o logo para esta clínica de mastologia teve um foco bastante diferente do que se poderia imaginar a priori. Primeiro, porque não nos interessaria destacar a plástica ou beleza estética - não é isso que procura uma paciente quando pede, por exemplo, um exame de mamografia. Depois, porque a fonte utilizada - Bordini - é quase que um híbrido da fonte sem serifa e serifada, uma combinação do moderno com o tradicional.

No entanto a realidade se faz notar com clareza ao observarmos a identidade visual para esse universo. A logotipia para todos os serviços de tratamento da mama aparecem com total sutileza, atestando o verdadeiro sentimento de uma paciente. Consciente ou inconscientemente as mulheres que se submetem a qualquer tratamento de mastologia querem resguardo, discrição. Essa mesma realidade se fez notar em outros estudos e pesquisas de opinião.


Com relação à tipografia, diz Erik Spiekermann: «O tipo é mágico. Ele não só comunica a informação de uma palavra, mas também conduz uma mensagem subliminar». O conceito do tradicional subentendido na serifa é muitas vezes preterido ao conceito moderno da fonte não serifada, como a Arial, Avant Garde ou Verdana (por acaso as fontes usadas nos logos acima). No entanto parece que o nosso caso suscita algo dessa serifa... A tradição parece ganhar bons contornos aqui.

A Evolução - De qualquer forma, a marca da clínica, ainda que não tenha conotação sensual, nem por isso não poderia ter um movimento e traçado soltos. Foi nessa tentativa que se buscou de modo exaustivo uma representação para o logo em traço rápido.

A repetição em canson dessa forma até se chegar a espontaneidade da pincelada quer traduzir o conceito de «domínio da técnica». Esse domínio é antes de mais nada um serviço, como toda arte o é (recta ratio factibilium = a reta razão no fazer).

No entanto, uma vez concluída a pincelada, notou-se que, ainda que de forma estilizada, a representação era ainda explícita demais (mesmo com a divisão em negativo, representando a mamografia) e precisaria estar mais velada, subentendida. Foi então que se optou pela remoção e duplicação de metade do traço.

Esse traçado dá uma boa abertura de aplicações em papelaria e suas variações em claro e escuro são bastante ricas, não só pelo seu movimento em si, mas também por seu formato, já vetorizado.

É interessante constatar em pesquisa com diversas pessoas do público alvo como o sua identificação com a marca aumentou substancialmente após a remoção da primeira pincelada, atestando mais uma vez a procura de algo discreto.

Estudo Cromático - Entre os vários estudos de combinações cromáticas para uma clínica de mastologia, cabem diversas opções, em princípio. Foi por esse motivo que os exercícios iniciais para esse capítulo foram de bolações diversas, talvez meio aleatórias, para depois fazer uma seleção conforme os seguintes parâmetros:

cor A:
1. contraste com o traço do pincel, que evocasse a chapa da mamografia. Nesse sentido o tom deveria ser minimamente escuro;

2. deveria passar um tom de sobriedade. Esse conceito deveria prevalecer perante o outro, mais vivo.

cor B:
1. função de marcar feminilidade. Deveria ser uma cor feminina e forte, que trouxesse um contraste de vida com a cor A;

2. deveria trazer variações de tonalidade interessantes para as outras aplicações em papelaria.

O resultado foi essa combinação abaixo:

cor A: C:0; M:0; Y:0; K:60
cor B: C:20; M:80; Y:0; K:0

A Marca - Todo traçado livre nos remete ao toque de humanidade que deve estar presente sempre nas diversas áreas do conhecimento para que não percam seu valor de serviço, de doação, e de contribuição ao bem estar social. No entanto, mais do que qualquer outra área, a medicina deve trazer essa marca.
Cristiano Chaui