Referências - Ainda que tenha alusões formais inspiradas na especialidade em questão, o logo para esta clínica de mastologia teve um foco bastante diferente do que se poderia imaginar a priori. Primeiro, porque não nos interessaria destacar a plástica ou beleza estética - não é isso que procura uma paciente quando pede, por exemplo, um exame de mamografia. Depois, porque a fonte utilizada - Bordini - é quase que um híbrido da fonte sem serifa e serifada, uma combinação do moderno com o tradicional.
No entanto a realidade se faz notar com clareza ao observarmos a identidade visual para esse universo. A logotipia para todos os serviços de tratamento da mama aparecem com total sutileza, atestando o verdadeiro sentimento de uma paciente. Consciente ou inconscientemente as mulheres que se submetem a qualquer tratamento de mastologia querem resguardo, discrição. Essa mesma realidade se fez notar em outros estudos e pesquisas de opinião.

Com relação à tipografia, diz Erik Spiekermann: «O tipo é mágico. Ele não só comunica a informação de uma palavra, mas também conduz uma mensagem subliminar». O conceito do tradicional subentendido na serifa é muitas vezes preterido ao conceito moderno da fonte não serifada, como a Arial, Avant Garde ou Verdana (por acaso as fontes usadas nos logos acima). No entanto parece que o nosso caso suscita algo dessa serifa... A tradição parece ganhar bons contornos aqui.
A Evolução - De qualquer forma, a marca da clínica, ainda que não tenha conotação sensual, nem por isso não poderia ter um movimento e traçado soltos. Foi nessa tentativa que se buscou de modo exaustivo uma representação para o logo em traço rápido.
A repetição em canson dessa forma até se chegar a espontaneidade da pincelada quer traduzir o conceito de «domínio da técnica». Esse domínio é antes de mais nada um serviço, como toda arte o é (recta ratio factibilium = a reta razão no fazer).
No entanto, uma vez concluída a pincelada, notou-se que, ainda que de forma estilizada, a representação era ainda explícita demais (mesmo com a divisão em negativo, representando a mamografia) e precisaria estar mais velada, subentendida. Foi então que se optou pela remoção e duplicação de metade do traço.
Esse traçado dá uma boa abertura de aplicações em papelaria e suas variações em claro e escuro são bastante ricas, não só pelo seu movimento em si, mas também por seu formato, já vetorizado.
É interessante constatar em pesquisa com diversas pessoas do público alvo como o sua identificação com a marca aumentou substancialmente após a remoção da primeira pincelada, atestando mais uma vez a procura de algo discreto.

cor A:
1. contraste com o traço do pincel, que evocasse a chapa da mamografia. Nesse sentido o tom deveria ser minimamente escuro;
2. deveria passar um tom de sobriedade. Esse conceito deveria prevalecer perante o outro, mais vivo.
cor B:
1. função de marcar feminilidade. Deveria ser uma cor feminina e forte, que trouxesse um contraste de vida com a cor A;
2. deveria trazer variações de tonalidade interessantes para as outras aplicações em papelaria.
O resultado foi essa combinação abaixo:

cor B: C:20; M:80; Y:0; K:0
A Marca - Todo traçado livre nos remete ao toque de humanidade que deve estar presente sempre nas diversas áreas do conhecimento para que não percam seu valor de serviço, de doação, e de contribuição ao bem estar social. No entanto, mais do que qualquer outra área, a medicina deve trazer essa marca.
Cristiano Chaui

Cristiano Chaui

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